Seja pelo artigo do BuzzFeed, por um thread criminal do Twitter, ou até mesmo pelo documentário da HBO “Mamãe Querida e Morta”, é provável que você já tenha ouvido falar da história real de Gypsy Rose Blanchard e do assassinato de sua mãe, Dee Dee Blanchard. Porém, se você não é familiarizado com o caso, assistir ao novo seriado The Act, nova produção criminal antológica da Hulu, pode ser uma grande surpresa.
A série se inicia com uma das vizinhas da família Blanchard fazendo uma ligação para a polícia, que ao chegar na residência de Dee Dee (Patricia Arquette) e Gypsy (Joey King) a encontra com um ar abandonado e descuidado. Os dois detetives investigam o lugar, enquanto os vizinhos estão parados do lado de fora aguardando notícias, e encontram Dee Dee esfaqueada em cima da cama. Mas afinal quem poderia ter feito mal à essa doce mãe que dedicou sua vida para proteger e cuidar da filha doente?
O seriado então volta sete anos antes e vemos tudo pelo ponto de vista de Gypsy: o momento em que ela e a mãe chegam em sua nova residência, que foi construída especialmente para as duas após terem perdido tudo no Furacão Katrina. Gypsy é apresentada para o público e para os vizinhos como uma adolescente de idade mental de sete anos. Com uma doença terminal, paraplégica e capaz de alimentar apenas através de um tubo, sua mãe alega que a jovem tem múltiplas doenças. As duas possuem um amor incondicional, Dee Dee é a heroína para as pessoas a sua volta, uma santa que abdicou sua vida a filha, que dá tudo do bom e do melhor, principalmente se estiver sob holofotes.
Ao assistir os dois primeiros episódios, já podemos perceber a problemática por trás da história. Por baixo do pano, a vida de Dee Dee e Gypsy não é esse vínculo amoroso e saudável que elas demonstram. Aos poucos, o mistério vai sendo revelado e vamos percebendo que Gypsy pode não ser tão doente quanto aparenta. A jovem vai notando certas atitudes da mãe que não parecem certas e muitas falácias em seus discursos, ela alega que Gypsy tem alergia a açúcar e que não é capaz de engolir nenhum alimento sólido é algumas de suas inúmeras mentiras. O mais lastimável da situação até então é que a garota parece ter ciência da condição que se encontra, mas não confronta sua progenitora porque ela sente que Dee Dee precisa disso, ela precisa da filha assim e a mesma está conformada, acreditando até mesmo nos sintomas que são empurrados para ela ainda que não sinta nada.
Tendo em vista que a duração é em torno dos cinquenta minutos e que a temporada contará com oito episódios, eles funcionam muito bem e não resultam em algo arrastado. Os capítulos tem alguns momentos lentos, mas ele flui muito bem, oscilando em poucos flashbacks no começo e ao final, ou entre os episódios, para instigar a curiosidade do espectador. Mas a melhor parte de todo o seriado é a atuação magnífica das protagonistas, algo que podemos esperar de Patricia Arquette, vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por Boyhood e ganhadora do Globo de Ouro de Melhor Atriz em Minissérie ou Telefilme por Escape at Dannemora, e tudo indica que receberá indicação ao Emmy 2019 por esse trabalho, mas será que podemos esperar uma indicação dupla por The Act, já que a série estreou dentro do prazo? O que surpreendeu mesmo foi Joey King, até agora só tinha se destacado em A Barraca do Beijo, filme original Netflix que foi bastante comentado, a atriz está brilhante e se entregou totalmente ao papel que não é nada fácil de ser feito.
Na hipótese de não conhecer esse evento, adianto que saber dele não irá estragar a experiência que a série proporciona, o caso em si é extremamente interessante e surreal, parece que foi escrito por uma uma mente criativa como a de Gillian Flynn. Apesar de detalhes serem sempre adicionados, se você não souber de nada da trama, mantenha assim para o choque ser maior. Para quem é fã de um bom suspense e casos criminais vai ser difícil não se viciar nesse enredo.
A série foi criada pela jornalista Michelle Dean (autora do artigo do Buzz Feed “Dee Dee Wanted Her Daughter To Be Sick, Gypsy Wanted Her Mom To Be Murdered.”) e por Nick Antosca (Hannibal, Channel Zero). The Act é transmitida pela Hulu nos EUA, por enquanto o servição não está disponível em outros países e ainda não há uma previsão de estreia no Brasil. A serie já foi encerrada e dá pra maratonar no final de semana. Vou deixar o trailer aqui pra quem ficou curioso em ver.
Adaptado de sentaai
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